quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O pior pesadelo de todos os tempos!

 Acordar as 9h, e dormir novamente até as 11h com o sol batendo forte na cama, não foi uma boa idéia.

No fundo do lote da Igreja em frente a minha casa, gaiolas enormes estavam lotadas de pessoas. Eu só conseguia ver  da minha casa pessoas gesticulando e implorando por ajuda, presas e desesperadas A cena não incomodava quase ninguém. A não ser eu e minha mãe. Ah, também meu irmão André, que resolvendo se juntar aos malfeitores se pintou como os caras do KISS e se envolveu com a maldade. 

Não sabendo do que se tratava essa bizarrice resolvi dar um fim na idéia dele. Enquanto ele dormia, o peguei, coloquei deitado sobre a pia do próprio banheiro e lavei o rosto dele cuidadosamente, tirando toda tinta branca e preta. Depois o dobrei, (sim, eu dobrei meu irmão), coloquei dentro de uma mochila e guardei no guarda-roupa. Pronto, estamos seguros! (Dorgas de sol na cabeça)

Meu irmão acordou, explodiu de dentro da mochila  e  expliquei para ele que precisava de sua ajuda, pois faria alguma coisa. Acompanhados também da minha mãe, e da Emily (minha maritaca) fomos em direção a rua. Descendo pelo corredor lateral da minha casa já percebíamos que a movimentação no outro lado era bem diferente. Antes de sair para a calçada tiros nos receberam e de repente o enorme portão deles se fechou. 

Sem palavra nenhuma o André fugiu desesperadamente corredor acima e eu entendi uma coisa. Não precisavam mais que fossemos ajuda-los. Nós agora é que precisamos ter medo e correr deles. Eu gritei, CORRA MÃE!

Subimos de volta correndo e minha mãe entrou em casa. Eu preferi continuar o corredor e chegar até a casa antiga casa da minha vó, que hoje mora um tio meu. Sem parar de correr coloquei a Emily apoiada em um escorredor de prato, avisei: Toninho cuidado, e segui para os fundos da sua casa. Lá tem uma escada que leva até o terraço e nesse terraço tenho acesso a casa de outro tio meu.

Pensei que ali, estaria mais longe dos ataques e poderia ver do alto o que acontecia lá em baixo. Assim me prepararia para a batalha quando algum deles chegasse ali em cima. 
Antes de terminar esse pensamento um jovem apossado aparece sobre os telhados e sorri assustadoramente quando me vê. Corri rapidamente para casa desse segundo tio. Fechei uma porta de grade firme que dá pra sua sala e ganhei um tempo antes de ser ataca pelas dezenas de rapazes jovens, algumas senhoras idosas e duas crianças que também apossadas por algum espírito ruim queriam me pegar. 

Dentro da casa comigo, só estava meu primo Alan. No meu pedido de socorro ele desapareceu. Pronto, eu estava sozinha. Do lado de fora da casa, descobrindo como entrar, as pessoas apossadas pelo tal espírito ruim, não torciam os corpos, não viravam os olhos e nem falam com vozes estranhas. Pareciam naturalmente precisar apenas cumprir a missão de me pegar. Até conversei com alguns deles.
Porque me perseguem? Somos iguais, somos amigos! Disse mais algumas coisas que não me lembro. A unica resposta que tive foi: Mas eu preciso te pegar!

No tempo dessa conversa, as duas crianças presentes não controlaram sua aparência e estas sim demonstravam sinais de estarem apossadas. O garoto, pequeno, de corpo achatado e gordo passou pelas grades como quem atravessa uma parede. Com os olhos vermelhos dele eu me assustei tanto ao ponto de amarra-lo e prende-lo no banheiro. Quando terminei o serviço outras mulheres fugindo como eu também chegaram até a casa e avisaram que eles estavam prestes a conseguir também entrar. Cada um procure um esconderijo. 

O melhor esconderijo que encontrei foi um cesto de roupa suja todo fechado e com tampa que coloquei interceptando a porta do banheiro da varanda de traz da casa. Nele entrei e esperei não ser encontrada. Várias vezes algum rapaz ou senhora tentou entrar no banheiro a procura de alguém mas um cesto pesado impedia que a porta se abrisse direito. Desistiam e iam procurar por outros.

Eles carregam uma corrente com algumas pedrinhas brancas e douradas. Bem parecido com um terço, esses colares faziam a quem usasse, algum mal. 
Curioso, um rapaz não desistiu de xeretar o cesto em que eu me escondia. E me encontrou ali. Os meus pés apareceram por debaixo do cesto e me provocando o maior medo de todos ele brincava com sua descoberta. O cesto tem pés! Como um cesto pode ter pés ? Será que alguém está aqui ?


Apavorada eu saltei e arrisquei a única arma que poderia utilizar. Gritei bem forte: QUE O ESPÍRITO DO SENHOR VENÇA, E O SEU ESPÍRITO MORRA!
O rapaz caiu ao chão. Outros caíram com ele. Aliviada mas também em êxtase de tanto pavor gritava a mesma frase a todos aqueles que ainda continuavam de pé. Aos poucos todos iam caindo e deitavam no chão como se estivessem dormindo, tranquilos.


Um  outro grupo desses jovens chegaram e perdidos procuravam pelos colares que usaram, encontraram num canto algumas sacolas com pulseiras e comentaram: Estas são para comer! Peguei deles a sacola, ela desapareceu e eu gritei novamente: QUE O ESPÍRITO DO SENHOR... Não sei porque não completei a frase, mas eles também desapareceram, não caíram, eu só não os vi mais.


Quando todos os jovens e senhoras já estava deitadas no chão, inclusive sobre colchões, dormindo e livres do mal espírito andei pela casa e alguns ainda pareciam inquietos como quem dorme tendo pesadelos. As mulheres que estavam comigo oravam em volta dessas pessoas.


Passei por um cômodo e uma senhora segurou meu calcanhar. Ai que medo terrível. Seu olhar não era de paz, não dormia tranquilamente como os outros. Ainda que de olhos fechados e deitada ela gesticulava com os braços tentando me pegar. Com muito medo sentei no seu colchão e comecei a cantar: Espírito enche a minha vida! Interrompi e cantei, Espírito do Senhor  enche a minha vida. Enche-me do teu poder, pois de ti eu quero ser, espírito enche o meu ser!
Ela dormindo disse um número, terminado com 6.  Talvez 26 ou 36, não tenho certeza. Continuei cantando e ela inquieta repetia o número. Recitei um versículo que também não me lembro. E ela acordou!


Quando acordou não senti nenhum medo. Ela acordou porque se livrou do que lhe atormentava. Era muito idosa, tinha o rosto grande e com muitas rugas, a pele tinha um tom moreno bem claro. Me perguntou:
- Você recitou o 26 não é ? (disse o número que se referia dormindo).
- Eu não me lembro o que eu disse.
- Para alguns é muito mais difícil.
Abracei ela pois estava chorando. Passando a mão no seu rosto, enxugando suas lágrimas eu disse a ela:
- A Senhora é linda. A senhora é linda. Parece minha vó. (pensei na vó Maria)


Acordei.




Nenhum comentário:

Postar um comentário